Modelo 3D - Cálice funerário Jê

sábado, 27 de outubro de 2012

"Se a gente vai se matar? Não! Não nos entregaremos fácil", afirma Kaiowá de Pyelito Kue

Publicado no CIMI em 25/10/2012.
Fonte da notícia: Assessoria de Comunicação / Cimi
   
Por Ruy Sposati,
de Brasília
    

A situação dos Kaiowá e Guarani envolvendo as comunidades de Passo Piraju, Arroio Korá, Potreto Guasu,Laranjeira Nhanderu e, especialmente, Pyelito Kue, todos no Mato Grosso do Sul, comoveu sociedades de todo o mundo na última semana - e gerou interpretações diferenciadas sobre o que queriam dizer os indígenas com a carta que denunciava o despejo da aldeia e a 'morte coletiva' de 170 pessoas.

Integrantes da Aty Guasu conversaram com Líder Lopes - ou Apykaa Rendy, "Trono Iluminado", em Guarani - uma das principais lideranças da comunidade de Pyelito Kue sobre a situação da aldeia, seus problemas, expectativas e sobre a carta, alvo de diversas mobilizações internacionais. A íntegra da conversa foi publicada em um vídeo pela Aty Guasu. 

Em novembro, a comunidade completa um ano de retomada do território - e um ano de muitos problemas. "Não temos saída [da aldeia]. As pessoas que estão doentes não têm por onde sair. Não têm recurso. As crianças também não têm onde estudar. Não têm roupa. As cestas da Funai não estão chegando para a gente. Não temos atendimento da Funasa. Mas mesmo assim, nós estamos aqui", conta Líder Lopes.

"Estamos em um lugar apertado. Os fazendeiros não querem que a gente abra caminhos, não querem que a gente passe no meio do pasto. Nós atravessamos pelo rio", explica. "Tudo acontece com a gente. Ameaças, não por indígenas, mas pelo próprio fazendeiro, ameaças pelos pistoleiros, ameaçando a gente. Por isso, nós guerreamos pela nossa terra".

Suicídio coletivo

Questionado sobre as interpretações de que os Kaiowá de Pyelito Kue cometeriam suicídio coletivo, Apykaa explica a posição da comunidade. "Se a gente vai se suicidar? Se a gente vai se matar? Não, nós não iremos fazer isso", comenta. "Se for para a gente se entregar, nós não nos entregaremos fácil. É por causa da terra que estamos aqui, nós estamos unidos com o mesmo sentimento e com a mesma palavra para morrermos na nossa terra. Esta terra é nossa mesmo!"

   
"Os brancos querem nos atacar. Por isso nós dizemos: morreremos pela terra! Mas a ideia da gente se matar, ou se suicidar, nós não iremos fazer. Nós morreremos se os fazendeiros nos atacar. Aí poderemos morrer!"

"Desde o começo que nós entramos lá, estamos firme. A comunidade falou que não vai desistir. Queremos retomar a terra que foi dos nossos avós, onde os nossos parentes morreram. Queremos realmente ocupar essa terra. Viveremos realmente neste lugar! Esta terra não é dos brancos, é nossa e de nossos antepassados. Se a gente perder a nossa vida será por causa da terra", conclui Apykaa.

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"Problema dos Guarani-Kaiowá tem que ser tratado como nosso", diz Marina Silva

Clique aqui e ouça uma entrevista da ex-senadora ao jornal Estadão na qual ela comenta sobre a repercussão nacional da luta dos Guarani-Kaiowá e a importância de um maior engajamento em prol da causa indígena no Brasil.
   

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Escola de Pains faz visita ao museu

No dia 13 de setembro o MAC recebeu a visita de alunos do 1º ano da Escola Municipal José Maria da Fonseca da cidade de Pains - MG. A visita foi organizada pela diretora Marisa Gonçalves, e pela professoras Regina Paiva e Rosana Ramos.

Todo o grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", e assistiram - em nossa sala de audiovisual - a uma mostra fotográfica sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, exemplo de turismo científico e cultural a ser seguido e que está localizado no sudeste do Estado do Piauí. Durante a exibição das fotos os integrantes escutaram uma série de gravações de canções dos índios Xavante, que vivem no Estado do Mato Grosso. Os estudantes ainda puderam conhecer o laboratório de arqueologia e a reserva técnica do MAC.
  
Clique na imagem para ampliar.
 

Extinção do rio São Francisco

Um tratado sobre a flora do rio São Francisco, publicado recentemente e resultado das pesquisas de um grupo de cientistas liderados  pelo prof. José Alves Siqueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), sediada em Petrolina - PE, faz um prognóstico sombrio, ao longo de suas mais de 500 páginas, sobre a inexorável extinção do rio São Francisco nas próximas décadas.

Leia a reportagem no jornal O Globo.

P.S. do MAC: Este prognóstico infelizmente não é recebido com estranheza por parte de cientistas que trabalham no alto curso do rio, em Minas Gerais. Por aqui, o chamado projeto de "revitalização do rio São Francisco" empreendido em nossa região, revelou-se pouco transparente e errático em sua execução, além de inócuo em seus efeitos. Verbas importantes deste projeto foram gastas, por exemplo, com passeios de helicóptero, tratados como verdadeiros eventos que reuniam a coordenação do projeto e as lideranças municipais da região e suas respectivas comitivas. Ao mesmo tempo, cientistas eram insistentemente pressionados, e este é o termo mais suave a ser utilizado, a simplesmente entregar e fornecer os dados de suas pesquisas ao tal projeto de "revitalização", sem qualquer contrapartida.

Sabe-se ainda que o próprio Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco, o MAC, é apresentado em certas "conversas de corredor"  como desdobramento deste projeto de "revitalização do rio São Francisco". Nada poderia ser mais errôneo e, porque não dizê-lo, difamatório. O projeto foi iniciativa de um grupo de cientistas e profissionais que o apresentou pronto e formatado à Prefeitura Municipal de Pains, que só assumiu uma participação incisiva no mesmo quando a verba federal para sua implantação foi liberada. Até que isso acontecesse os autores tiveram que se desdobrar para que o projeto fosse aprovado por uma série de avaliações feitas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN / Edital Mais Museus), e julgada por uma banca de cientistas e profissionais idôneos, entre fevereiro e maio de 2008.
    

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Museu recebe visita da E. E. Pe. José Sangali

No dia 31/08, uma sexta-feira, o museu recebeu a visita de 68 alunos do Ensino Fundamental da Escola Estadual Padre José Sangali da cidade de Córrego Fundo - MG. A visita foi coordenada pelas professoras Renata de Paula e Neila de Faria, e pelo diretor Nadir Costa.
 
Todo o grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados". Na sala de audivisual o grupo assistiu a um breve trecho do filme "Cave of Forgotten Dreams" (Caverna dos Sonhos Esquecidos), um documentário dirigido pelo alemão Werner Herzog, sobre a caverna de Chauvet, no sul da França, a qual guarda um imenso acervo de pinturas rupestres com 32 mil anos de idade. O documentário narra a história do achado da caverna e acompanha o trabalho dos arqueólogos na proteção e estudo deste sítio arqueológico. 

Clique na imagem para ampliar
  
O filme é importantíssimo por demostrar a importância de um plano de manejo para cavidades naturais que contenham vestígios arqueológicos, pois a caverna de Chauvet, achado único na história da humanidade, é aberta somente para pesquisas científicas, e foi toda adaptada para a proteção de seu bioma e para o controle da locomoção dos visitantes. É um bom exemplo para refletirmos sobre o patrimônio arqueológico e espeleológico (cavernas) de nossa região, que vem sendo cada vez mais procurada por turistas desejosos de conhecerem as cavernas do Carste do Alto São Francisco. Infelizmente nenhuma delas está preparada para receber visitas turísticas.

Assista a um trailer do filme de Herzog.
  
  

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Visita ao Parque Estadual do Sumidouro com cientistas do Museu de História Natural da Dinamarca

No dia 19 de setembro o MAC, representado por seu diretor, participou de uma visita ao Parque Estadual do Sumidouro. A atividade foi organizada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e pela direção do Parque com o objetivo de apresentá-lo aos cientistas: Dr. Moorten Meldgaard, Prof. Niels Bonde, Hanne Strager e Kasper Hansen, todos representantes do Museu de História Natural da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca.

Os pesquisadores integram a comitiva do príncipe herdeiro Frederik André Henrik Christian, e de sua esposa, a princesa Mary Elizabeth, e estiveram no país por conta de um comodato que trouxe mais de 80 fósseis paleontológicos para o recém inaugurado Museu Peter Lund, na cidade de Lagoa Santa, cuja sede foi construída no Parque do Sumidouro, junto à gruta da Lapinha.

Leia reportagens sobre a inauguração do Museu Peter Lund (clique aqui e aqui)
Assista a uma matéria jornalística sobre a inauguração (clique aqui)

Todo esse acervo foi escavado pelo naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880), que no século XIX realizou escavações em diferentes regiões cársticas da Bacia do rio São Francisco, como em Montes Claros, Sete Lagoas, Cordisburgo e Curvelo. Mas foi no carste de Lagoa Santa, entre os anos de 1839 e 1845 que ele realizou suas principais descobertas. Lund é considerado o "pai da paleontologia" no Brasil, além disso, suas reflexões sobre o chamado "Homem de Lagoa Santa" fazem com que muitos o considerem também um precursor da arqueologia em nosso país¹.
  
Clique na imagem para ampliar. Visita à gruta da Lapinha: área externa (fotos 1 e 2), interior da gruta com as instalações para locomoção dos visitantes (foto 9) e formações de espeleotemas (foto 10). Visita à lagoa do Sumidouro (foto 3) e ao sítio arqueológico homônimo, em um ponto aparentemente utilizado por Lund para drenar a água da caverna (foto 7). Montagem da exposição permanente do Museu Peter Lund (foto 8). Visita ao  Maciço de Cerca Grande, monumento natural e sítio arqueológico (fotos 4, 5, 6 e 11). Pinturas rupestres indígenas pré-históricas do Maciço de Cerca Grande (fotos 12 a 17), predominam as representações monocromáticas de animais quadrúpedes. 
     
O circuito de visitação do qual participamos foi elaborado sob o conceito de "museu de território", e contempla uma série de locais e paisagens que se tornaram referências para a história das pesquisas paleontológicas e arqueológicas realizadas na região de Lagoa Santa. Foi feita uma visita à gruta da Lapinha, que recentemente passou por um plano de manejo e foi adaptada para a visitação turística. Em seguida foi feita uma visita à lagoa do Sumidouro e ao sítio arqueológico homônimo, escavado por Lund em meados do século XIX. O grupo rumou depois para a Casa de Fernão Dias, no distrito da Quinta do Sumidouro e finalizou o circuito de visitação no sítio arqueológico e monumento natural Maciço de Cerca Grande, que foi explorado por vários naturalistas e arqueólogos no séculos XIX e XX. Este maciço guarda inúmeras pinturas rupestres que foram produzidas por indígenas caçadores coletores há mais de 4.000 anos. No local é possível distinguir as figuras de cervídeos, aves, porcos selvagens (caititus) e outros quadrúpedes, pintados em monocromia nas cores amarelo ou vermelha.
      
¹ Ver: NEVES, Walter & PILÓ, Luís B. O Povo de Luzia: em busca dos primeiros americanos. São Paulo: Globo, 2008. 333 p.
    

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

MAC recebe visita do Projeto Segundo Tempo

No dia 29 de agosto o MAC recebeu a visita de integrantes do Projeto Segundo Tempo da cidade de Pains - MG. A visita foi organizada pelo coordenador Davy Magno juntamente com estagiários e outros funcionários. Todo o grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", e assistiram - em nossa sala de audiovisual - a uma mostra fotográfica sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, exemplo de turismo científico e cultural a ser seguido e que está localizado no sudeste do Estado do Piauí.  Durante a exibição das fotos os integrantes escutaram uma série de gravações de canções dos índios Xavante, que vivem no Estado do Mato Grosso.
  
Clique na imagem para ampliar.
 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Curadoria do acervo de ossos humanos - Parte II

No mês de julho, durante a execução da primeira etapa do projeto de curadoria do acervo de ossos humanos da reserva técnica do MAC (clique aqui) foram ainda trabalhados os sepultamentos pré-históricos I, II e III, provenientes das escavações do sítio arqueológico Abrigo do Ângelo, abrigo sob rocha localizado na zona rural do município de Pains - MG.

Todos os três sepultamentos foram encontrados em uma determinada área do sítio arqueológico, a qual foi utilizada exclusivamente como cemitério ao longo de milênios. Os sepultamentos I e III são sepultamentos secundários (fotos 1 e 3), tratam-se de indivíduos que, no momento subseqüente às suas mortes, foram enterrados em determinados locais, depois de anos ou meses os restos mortais foram exumados pela família e amigos, foram realizadas cerimônias fúnebres e um novo sepultamento foi feito, daí o termo "secundário". Este tipo de comportamento foi documentado no século XX em meio a grupos indígenas do planalto central, como no caso dos Kayapó e Bororo.

Assim, tais sepultamentos I e III seriam o testemunho desta segunda ou terceira fase de sepultamento. Nas escavações ficou claro que os restos esqueletais foram arranjados em um feixe compacto, que provavelmente era atado por um trançado ou cestaria que não sobreviveu aos desgastes do tempo.

Clique aqui e assista a uma reportagem sobre o sítio.

Clique na imagem para ampliar. Fotos 1 a 3: sepultamentos pré-históricos escavados no sítio arqueológico Abrigo do Ângelo. 4 e 5: curadoria no laboratório de arqueologia do MAC do acervo ósseo humano coletado neste sítio arqueológico. 6: ponta de flecha de osso animal retirada da caixa torácica do indivíduo do sepultamento II, quando da finalização das escavações no sítio arqueológico. Ela está solidamente ajuntada a uma costela devido a um concrecionamento, no laboratório ela passou por uma limpeza a seco da capa de sedimento concrecionado que a envolvia. É possível visualizar as estrias resultantes do polimento de sua superfície e uma incisão linear e retilínea em sua parte mesial. Esta ponta causou a morte deste indivíduo, ela se inseriu na caixa torácica em um eixo perpendicular ao das costelas, fator que aliado a seu comprimento de 12 cm impediram sua retirada.

O sepultamento II, por sua vez, é um sepultamento primário. Um indivíduo masculino, um adulto jovem, foi sepultado uma única vez após sua morte, em um local específico. O sepultamento II apresentou-se articulado, em posição fletida e decúbito lateral direito. Em sua caixa torácica foi encontrada uma ponta de projétil de osso, fixada à face interior de uma costela por um sedimento concrecionado (foto 6). Inicialmente foi cogitado que o osso poderia ser humano, mas a curadoria identificou que o osso utilizado na fabricação desta ponta de projétil é de origem animal.


Assista a uma breve perspectiva em vídeo do sepultamento II à época de sua escavação.

      
Vídeo produzido durante as escavações, no momento em que foi identificada e coletada a ponta de projétil de osso.


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

E. M. José Maria da Fonseca visita o MAC


O museu recebeu, no dia 19/07, a visita dos alunos do 1º período do Ensino Fundamental da Escola Municipal José Maria da Fonseca, da cidade de Pains. A atividade foi coordenada pela supervisora Imaculada e pelas professoras Lucilene, Inês e Karine.

Todo o grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", e assistiram - em nossa sala de audiovisual - a uma mostra fotográfica sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, um exemplo de turismo científico e cultural a ser seguido, e que está localizado no sudeste do Estado do Piauí. Durante a exibição das fotos do Parque os alunos escutaram uma série de gravações de canções dos índios Xavante, que vivem no Estado do Mato Grosso
   
Clique na imagem para ampliar.
   

Porque uma Campanha Contra os Agrotóxicos?


Nos últimos três anos o Brasil vem ocupando o lugar de maior consumidor de agrotóxicos no mundo. Os impactos à saúde pública são amplos porque atingem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais, como trabalhadores rurais, moradores do entorno de fazendas, além de todos nós que consumimos alimentos contaminados.

Diante desta situação, mais de 50 entidades nacionais se juntaram desde 2011 na Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que tem o objetivo de sensibilizar a população brasileira para os riscos que os agrotóxicos representam, e a partir daí tomar medidas para frear seu uso no Brasil.

Junte-se a nós! Assine nossa petição e entre em contato com o comitê mais próximo!
   

Assine nossa Petição! 

 
A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos lançou um abaixo assinado para banir do nosso país os agrotóxicos já banidos em outros países. É inaceitável que o nosso país continue sendo a grande lixeira tóxica do planeta. Por isso colabore:
  
- Baixe e imprima o abaixo-assinado em papel e comece a colher assinaturas.
   
Veja aqui a lista das susbtâncias que queremos banir, e as instruções para coleta de assinaturas. 

Participe!
   

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Curadoria do acervo de ossos humanos - Parte I

Processo de exumação e curadoria da urna funerária do sítio arqueológico Ninhal. Clique na imagem para ampliar.
  
Durante o mês de julho foi elaborada e executada, em sua primeira fase, a curadoria do acervo de ossos humanos da reserva técnica do museu. A primeira etapa de trabalhos, coordenada pelo arqueólogo Me. Rafael Bartolomucci no laboratório de arqueologia do MAC, contemplou uma urna funerária proveniente do sítio arqueológico Ninhal, localizado na zona rural do município de Iguatama - MG. Esta estrutura arqueológica foi encontrada, escavada e coletada no ano de 2007 por uma equipe do Setor de Arqueologia da UFMG e, em 2011, o MAC assumiu sua guarda museológica (clique aqui). Um dos primeiro resultados desta guarda foi a restauração de um vasilhame cerâmico em uma bela forma de cálice, o qual foi encontrado, completamente fragmentado, junto à urna funerária (clique aqui).
  
Clique na imagem para ampliar.
     
Pelo que foi possível observar dos restos esqueletais exumados, a pessoa foi colocada no interior da urna cerâmica com as costas apoiadas na parede do vasilhame, os joelhos fletidos envoltos pelos braços, como se estivesse sentada, com as pernas recolhidas e os joelhos próximos ao rosto. Segundo Bartolomucci a abertura da fossa pélvica (o osso da 'bacia') denota que a pessoa sepultada era, com grande grau de certeza, uma mulher. Há forte indícios, históricos e arqueológicos, de que o sepultamento foi feito por grupos indígenas vinculados à família linguística Jê, mas ele ainda não foi datado, sua idade pode recuar desde 300 até 1.000 anos antes do presente. Um dos objetivos deste estudo é coletar uma amostra do esqueleto para que seja feita sua datação radiocarbônica. 
   
Na zona em que jazia o colo desta mulher foram encontradas centenas de contas, sementes cuja situação na qual foram inseridas no sepultamento não está ainda clara, podem ter integrado um artefato, como um maracá, ou ter composto um trançado ou tecido. Todo o interior da urna foi escavado e todo o material foi triado, registrado e depositado na reserva técnica do museu. O solo retirado foi peneirado, tendo sido coletadas amostras tanto para flotação quanto para testemunho e outras análises.

Assista a um vídeo que mostra um detalhe da exumação do esqueleto, ainda dentro da urna funerária.
  
  

terça-feira, 21 de agosto de 2012

CRAS de Pimenta e Pains visitam o MAC

Alunos do CRAS de Pains e Pimenta em visita ao museu. Clique na imagem para ampliar.
 
Nos dias 24 e 25 de julho o MAC recebeu a visita de membros do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) dos municípios de Pimenta e Pains - MG. As visitas foram organizadas pelo prof. de música Cleber Resende. Cada grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", assistiram  a uma mostra fotográfica sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, um exemplo de turismo científico e cultural a ser seguido, e que está localizado no sudeste do Estado do Piauí.  A visita guiada contemplou ainda o laboratório de arqueologia, aonde  os alunos puderam acompanhar a escavação de uma urna funerária e os trabalhos de curadoria em ossos humanos pré-históricos, feita pelo arqueólogo Me. Rafael Bartolomucci. Na sala de audiovisual o prof. Cleber Resende executou algumas peças musicais em flauta doce juntamente com seus alunos.
    
Assista a um breve vídeo gravado durante as aulas de música do Prof. Cleber Resende no MAC.
   
   

Campanha de vacinação antirrábica em Pains

Enviado por ASSCOM Prefeitura Municipal de Pains - MG
    
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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Pontas de um passado remoto

Projéteis de pedra do interior paulista de até 10 mil anos apresentam estilo diferente dos artefatos pré-históricos encontrados no Sul

Publicado na revista Pesquisa FAPESP
MARCOS PIVETTA | Edição 194 - Abril de 2012
 
As pontas líticas de flecha ou de lança oriundas da Pré-história nacional estão concentradas na porção do território brasileiro que se estende do Rio Grande do Sul até a região de Rio Claro, no interior paulista. Independentemente de seu local de origem e de terem sido confeccionados cerca de 500 anos atrás, pouco antes da chegada do conquistador europeu, ou há longínquos 10 milênios, todos os projéteis de pedra resgatados nessa vasta área costumam ser rotulados como pertencentes à tradição Umbu, uma cultura arqueológica associada a antigos caçadores-coletores. No entanto, um estudo comparativo das características morfológicas (físicas) de mais de mil pontas provenientes dos três estados do Sul e de São Paulo rechaça essa classificação, considerada simplista demais, e fornece indícios de que os projéteis encontrados no interior paulista são diferentes dos resgatados na parte mais meridional do país.
  
Projéteis de Rio Claro (esquerda) e pontas do sul do país (direita). Foto:  Léo Ramos. Clique na imagem para ampliar. 
  
A maioria das pontas achadas nos arredores de Rio Claro, onde existe grande quantidade desses artefatos no interior paulista, tem o pedúnculo — cabo ou haste situada no lado oposto ao da superfície cortante — maior e mais afilado, com contornos similares aos da letra V, do que o das encontradas no Sul, especialmente no Rio Grande do Sul. Os projéteis da porção austral do país tendem a apresentar essa parte com um formato bifurcado, semelhante a um pequeno rabo de peixe. Em São Paulo não há pontas desse tipo. “A função das pontas em ambas as regiões era a mesma, eram uma arma de caça”, afirma a arqueóloga Mercedes Okumura, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (Mae-Usp), autora do estudo, que contou com uma bolsa de pós-doutorado do CNPq no início de suas pesquisas e hoje recebe apoio da FAPESP. “No entanto acreditamos que as formas do pedúnculo podem ser interpretadas como marcadores culturais, relacionados a grupos ou tribos distintas.
     
Arte: Azeite de Leos. Clique na imagem para ampliar.
   
Se o design das pontas de pedra do Sul era diferente do das de São Paulo, é possível que os habitantes das duas áreas também não fossem exatamente iguais pelo menos do ponto de vista cultural. Os artefatos dos antigos caçadores-coletores do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina até poderiam ser rotulados como exemplares da tradição Umbu, mas o mesmo não se pode dizer dos projéteis encontrados no interior paulista, segundo a arqueóloga. Eles podem ter pertencido a um grupo com hábitos e tecnologia lítica distintos dos da tradição Umbu, dominante na ponta meridional do Brasil. “As pontas são um artefato complexo, que contêm informações sobre quem as fez”, diz o arqueólogo Astolfo Araujo, também do Mae-USP, que participa dos estudos de Mercedes. “Sua construção demanda muitas etapas e um longo processo de transmissão cultural. Aprender a fazer uma ponta demora anos.
  
De acordo com dados de Mercedes, o corpo das pontas do Sul e de São Paulo apresenta tamanho semelhante. Em média, tem entre 2,5 e 3 centímetros. Essa medida leva em conta apenas a parte perfurante do projétil, sem incluir as dimensões do pendúculo. A diferença mesmo entre as pontas das duas regiões aparece quando se olha a forma e as dimensões do pedúnculo. Nas do Sul, a haste que serve de base para o lado cortante do artefato tende a medir entre 0,9 e 1,1 centímetro. Nas de São Paulo, apresenta quase o dobro de tamanho médio, por volta de 1,7 centímetro — e nunca é bifurcada, quase sempre é afilada. Além de estudar pontas da coleção Plynio Ayrosa do Mae, Mercedes visitou o acervo de outras nove universidades e também de colecionadores particulares do Sul e de São Paulo durante o ano passado para realizar o trabalho.

Graduada em biologia e com experiência na análise dos traços anatômicos de crânios e ossos da Pré-história nacional, a pesquisadora adaptou métodos estatísticos, quantitativos, já comumente empregados em estudos de evolução humana, em seu trabalho com os projéteis de pedra. “Como há poucos esqueletos humanos antigos encontrados no Sul e em São Paulo, resolvi estudar arfetados formais que esses povos faziam, como as pontas de pedra”, explica Mercedes. Munida de um paquímetro, instrumento utilizado para aferir com precisão pequenas distâncias, registrou as dimensões de 1.102 pontas. Foram medidos 131 projéteis de São Paulo, 170 do Paraná, 258 de Santa Catarina e 543 do Rio Grande do Sul. Os artefatos analisados provinham de 10 zonas com sítios arqueológicos: cinco em terras gaúchas (Maquiné, Santo Antônio, Caí, Ivoti e Taquari), três catarinenses (Taió, Urussanga e Santa Rosa), uma paranaense (Reserva) e uma paulista (Rio Claro). 
   
Clique aqui para continuar a leitura.
    
Assista a um vídeo sobre a pesquisa:
    
        

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Museu recebe visita da E. E. Henrique Galvão de Divinópolis

Na terça-feira, dia 17/07, o MAC recebeu a visita de 45 alunos do Ensino Fundamental da Escola Estadual Henrique Galvão, da cidade de Divinópolis - MG. A visita foi coordenada pelo engenheiro ambiental Dirceu Oliveira, e contou ainda com a presença das professoras Maria de Fátima e Vilma e pela vice-diretora Ana Rosa.

Clique na imagem para ampliar.
   
Todo o grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-história do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados". Na sala de audivisual o grupo assistiu a um breve trecho do filme "Cave of Forgotten Dreams" (Caverna dos Sonhos Perdidos), um documentário dirigido pelo alemão Werner Herzog, sobre a caverna de Chauvet, no sul da França, a qual guarda um imenso acervo de pinturas rupestres com 32 mil anos de idade. O documentário narra a história do achado da caverna e acompanha o trabalho dos arqueólogos na proteção e estudo deste sítio arqueológico.

O filme é importantíssimo por demostrar a importância de um plano de manejo para cavidades naturais que contenham vestígios arqueológicos, pois a caverna de Chauvet, achado único na história da humanidade, é aberta somente para pesquisas científicas, e foi toda adaptada para a proteção de seu bioma e para o controle da locomoção dos visitantes. É um bom exemplo para refletirmos sobre o patrimônio arqueológico e espeleológico (cavernas) de nossa região, que vem sendo cada vez mais procurada por turistas desejosos de conhecerem as cavernas do Carste do Alto São Francisco. Infelizmente nenhuma delas está preparada para receber visitas turísticas.

Assista a um trecho do documentário de Werner Herzog
  

domingo, 15 de julho de 2012

O MAC apoia a causa indígena

Enquanto instituição que pretende guardar, proteger e estudar o patrimônio cultural arqueológico indígena da região do Carste do Alto São Francisco, a qual recebeu e abrigou as primeiras comunidades humanas há cerca de 11.000 anos, em cujo solo foram plantadas as primeiras roças de milho, mandioca, e algodão2.000 anos e que, a partir do século XVI de nossa era, constituiu-se em território daqueles que receberam por alcunha o termo 'Bilreiros' e, posteriormente, o de 'Cayapó do Sul', grupos indígenas que resistiram temerariamente - até seu ocaso no século XVIII - às bandeiras paulistas e à expansão da sociedade escravagista neobrasileira, e que tiveram nos Panará - que hoje vivem no Parque Indígena do Xingu - os seus bravos descendentes, o Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco (MAC) vem manifestar seu apoio à causa indígena, contra a PEC 215 e pela urgência nos julgamentos para a justa e necessária demarcação das terras indígenas no Brasil.

Participe deste movimento!

Ele não diz respeito "somente" aos indígenas, mas sim a todos nós, brasileiros, pois ele simboliza o que queremos para nossa República, o que faremos com a nossa história.

Informe-se, exerça a cidadania, entre em contato com seu Deputado Federal.
   
Aquarela Étnico 033 - autor: Lauro Monteiro.
Clique na imagem para ampliar.

Clique aqui para mais informações.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

6.o Encontro Mineiro de Espeleologia

  Enviado por Fernando Frigo
    
O Guano Speleo / UFMG (GUANO) e a Sociedade Excursionista e Espeleológica (SEE) convidam todos para o 6.o Encontro Mineiro de Espeleologia de 19 a 23 de julho de 2012, nas dependências do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, em Belo Horizonte-MG. O objetivo é reunir espeleólogos mineiros e de outras regiões do Brasil para avançar nas discussões sobre a espeleologia mineira, abordando também questões relacionadas à espeleologia nacional.
   
Programações e preços poderão ser consultados no site oficial da Sociedade Brasileira de Espeleologia [SBE]: http://www.cavernas.org.br/
    

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Alunos da E. M. Julieta Ribeiro da Fonseca visitam o museu

No dia 05 de julho o MAC recebeu a visita de 26 alunos de Ensino Fundamental da Escola Municipal Julieta Ribeiro da Fonseca, da cidade de Arcos - MG. A visita foi coordenada pelas professoras Andreia C. Malaquias e Palméria P. de Oliveira.
 
No exato momento de início da visita guiada à exposição permanente "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados" houve uma queda repentina de energia, e toda a cidade de Pains ficou sem luz elétrica. Todos os recursos de iluminação e ambientação sonora da exposição ficaram desligados, bem como os equipamentos da sala de audiovisual.
   
Apesar disso, a equipe do museu "não se deu por rogada" e providenciou a abertura de todas as portas e janelas para a entrada da luz solar realizando um "combinado" de visita guiada a exposição e palestra sobre a arqueologia regional. Os estudantes ainda puderam conhecer o laboratório de arqueologia e a reserva técnica do MAC.
 
Clique na imagem para ampliar.
   

sexta-feira, 6 de julho de 2012

MAC recebe visita do CRAS de Pains

No dia 03 de julho o MAC recebeu a visita de 10 membros do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) de Pains - MG. Esta visita integrou uma série de ações organizadas e coordenadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que envolveu ainda o plantio de mudas no Parque Municipal Dona Ziza.

No museu o grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", e assistiram a uma palestra - ministrada pelo arqueólogo Gilmar Henriques - sobre a arqueologia regional e as ações do MAC desde sua inauguração em 2010.
  
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IV Seminário História e Memória do Centro-Oeste Mineiro

O Centro de Memória da FUNEDI/UEMG realizará, nos dias 23 e 24 de agosto de 2012, em Divinópolis-MG, o IV SEMINÁRIO HISTÓRIA E MEMÓRIA DO CENTRO-OESTE MINEIRO, com o tema “Cidades Centenárias: desenvolvimento regional e inclusão social”.
  
A realização bianual dos seminários História e Memória do Centro-Oeste Mineiro, desde o ano 2006, tem como objetivo possibilitar a construção de espaços acadêmicos para a sistematização das reflexões de cunho histórico, social, político, cultural e econômico sobre esta região de Minas Gerais. A participação de estudantes e profissionais que atuam no campo da história e da memória em nossa região tem sempre enriquecido os debates.
 
Vale a pena conferir!

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quarta-feira, 4 de julho de 2012

E. E. Martin Cyprien faz visita ao museu

No dia 29 de junho o MAC recebeu a visita de uma turma formada por professoras e 70 alunos do 6º. ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual  Martin Cyprien, de Divinópolis - MG. A visita foi coordenada pelas professoras Isabel Gonçalves e Maria Célia Teixeira e pela vice-diretora Marissa Guimarães.
   
Todo o grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", e assistiram - em nossa sala de audiovisual - a uma mostra fotográfica sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, um exemplo de turismo científico e cultural a ser seguido, e que está localizado no sudeste do Estado do Piauí. Durante a exibição das fotos do Parque os alunos escutaram uma série de gravações de canções dos índios Xavante, que vivem no Estado do Mato Grosso.
  
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sábado, 30 de junho de 2012

Áreas inteiras de Mata Atlântica são liberadas para desmatamento em MG

Publicado no G1 Natureza em 21/06/2012 07h12 - Atualizado em 21/06/2012 07h12

Nos últimos dois anos, região desmatou cerca de 3 mil hectares de mata.
Apenas 7% da área nativa desse bioma ainda sobrevive à ação do homem.

Na mata fechada é possível encontrar clareiras e fornos de carvão ainda acesos. No norte de Minas Gerais, o chamado Triângulo do Desmatamento é considerado pela ONG SOS Mata Atlântica como a região que mais destruiu esse tipo de bioma no país.

O triângulo é formado pelos municípios de Jequitinhonha, Ponto dos Volantes e Águas Vermelhas. Nos últimos dois anos, a região desmatou cerca de 3 mil hectares de Mata Atlântica.

Na entrada do município a placa indica que Águas Vermelhas respeita o meio ambiente, mas o município foi responsável por quase 20% de todo o desmatamento em Minas Gerais entre 2010 e 2011.

A ONG usou imagens de satélite e fez sobrevoos. Márcia Hirota é diretora da SOS Mata Atlântica. As imagens servem de documento no relatório preparado pela fundação.

Parte de uma área no município de Águas Vermelhas, no norte de Minas Gerais, que há menos de um ano era ocupada por mata nativa já tem o plantio de eucalipto.

A lei 11.428, de 2006, deixa expresso que o corte de vegetação primária no Bioma Mata Atlântica só pode ser autorizado em caráter excepcional para obras de utilidade pública, pesquisa científica e práticas preservacionistas. No caso de matas em outros estágios de regeneração, caberá ao órgão estadual competente conceder a licença ambiental.

Não é difícil encontrar tratores derrubando e arrumando toras recém-cortadas. Trabalhadores de uma carvoaria que colocavam toras nos fornos confirmaram que retiraram a madeira de uma área de mata nativa. No local fica a fazenda Paty, que pertence ao fazendeiro Paulo Daniel Antunes Sposito, conhecido como Seu Dadá, que mora em Vitória da Conquista, na Bahia.

O fazendeiro Paulo Daniel Antunes Sposito não quis dar entrevista, mas por meio de nota informou que a propriedade foi o primeiro imóvel da região a conseguir autorização para a supressão da cobertura vegetal nativa com destoca para a produção de carvão vegetal nativo e o cultivo de eucalipto. Ele enviou ainda cópia dos documentos emitidos pela Secretária de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais. Um dos documentos, que vence em janeiro de 2014, permite a supressão de 50 hectares de mata nativa e outro para 90 hectares, que vence em agosto deste ano.

Em Minas Gerais, muitos fazendeiros têm licença para o desmate. Desde 2011, é a Supram, Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o órgão que concede as licenças no estado. O escritório regional do Alto Jequitinhonha, responsável pela atuação na região, fica em Diamantina, distante quase 500 quilômetros de Águas Vermelhas. Segundo a superintendente Eliana Piedade Machado, as autorizações são aprovadas por uma comissão formada por vários órgãos ambientais. De 2008 para cá, foram conseguidas 180 licenças de desmate na região, num total de 18 mil hectares.

“É uma região que tem um desenvolvimento socioeconômico muito precário. A gente tem que pensar também na realização de atividades econômicas. Por muitos anos, a economia local se baseou na cadeia produtiva do carvão. Hoje, a gente tem a citricultura chegando fortemente na região. É uma atividade econômica. A região precisa também se desenvolver. O grande desafio é conciliar esse desenvolvimento com a preservação ambiental”, justifica Eliana.

As autorizações concedidas no município de Águas Vermelhas se basearam na avaliação que as áreas são de Mata Atlântica Secundária, em estágio inicial de regeneração. Por isso, é exploração pode ser permitida. Para caracterizar o estado de uma vegetação são analisados fatores como o porte das árvores, a densidade das matas e a existência de espécies vegetais protegidas por lei.
  

terça-feira, 26 de junho de 2012

Mostra que reúne obras de Caravaggio e de seus discípulos está em cartaz na capital

Publicado no jornal Estado de Minas em 22/05/2012 14:55
Agência Estado

Obras importantes do pintor italiano ficam em exibição na casa Fiat de cultura de 22 de maio à 22 de julho [prorrogada!]

Após dois anos de negociações e três cancelamentos sucessivos, a mostra Caravaggio e seus seguidores finalmente é inaugurada no Brasil. A partir desta terça-feira, 22, e até 15 de julho, a exposição, que traz seis obras do pintor italiano Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610), entre elas, uma das duas versões de sua famosa Medusa, e o quadro São Jerônimo que escreve, pertencente, desde o século 17 à Galleria Borghese de Roma, é apresentada na Casa Fiat de Cultura de Belo Horizonte. Depois de Minas, as pinturas de Caravaggio e de 14 pintores caravaggescos, que se inspiraram no mestre precursor do barroco, serão exibidas em São Paulo, no Masp, de 26 de julho a 30 de setembro.

Um pintor que teve a genialidade reconhecida em vida, homem de temperamento "maldito", com sua história sempre contada de maneira romanceada. Apesar de mitos, um fato foi determinante em sua trajetória, o homicídio cometido por ele em 1606 em Roma, forçando-o a iniciar um processo de fuga de sua prisão e condenação à morte - Caravaggio deslocou-se para Nápoles, Malta e Sicília até morrer em circunstâncias ainda não claras em Porto Ercole. Mais do que ser o artista que desenvolveu como poucos a técnica do claro-escuro, conferindo uma beleza intensa de estilo e na escolha dos temas de suas telas, e de ser autor que promoveu experimentações pioneiras, Caravaggio "é um pintor que sabe o drama da existência e o vive e o coloca de maneira realista na sua obra, aproximando-a da realidade de sua vida", diz o curador italiano Giorgio Leone.

Logo na entrada da mostra, duas telas são a encarnação desse duo vida e obra. A principal pintura da mostra, São Jerônimo que escreve (1605-1606) - que representa o legado da relação do cardeal Camillo Borghese (que se tornou o papa Paulo V) - e São Francisco em meditação (1606), pertencente à Galleria Nazionale d’Arte Antica di Palazzo Barberini de Roma, têm em comum a figura da caveira, símbolo da morte. Na obra de São Jerônimo, o crânio é uma espécie de espelhamento do rosto do santo, que está "inacabado", como diz Giorgio Leone. "Creio que ele não conseguiu terminar a face porque teve de fugir de Roma", conta o curador. Já o São Francisco, "feito já em fuga", segura a caveira na mão, como se tivesse a consciência de seu fim.
   
São Jerônimo que escreve, importante obra do pintor, é uma das pinturas em exibição em Belo Horizonte.

Tanto São Jerônimo como São Francisco são obras que têm a autoria incontestada e histórica atribuída a Caravaggio, desde o século 17, mas as outras pinturas presentes na exposição representam caráter diferente. "A mostra trata dessa questão de autoria", afirma Leone. Para um quadro ser considerado um Caravaggio, deve constar em documentos históricos, corresponder ao estilo do artista e ter sido executado a partir de técnica típica do artista. "Duas obras da mostra, a Medusa Murtola, pertencente a colecionador privado, e Retrato do Cardeal Benedetto Giustiniani, são reconhecimentos recentes, respectivamente, de 2011 e 2010", conta o curador. "E temos duas outras pinturas cuja autoria de Caravaggio é controversa, um exemplar de São Francisco em Meditação pintado em Malta que, para mim, trata-se de uma cópia, e o quadro São Januário (do Museu Diocesano de Palestrina), que alguns estudiosos dizem não ser do pintor."

A mostra, feita com R$ 5,5 milhões incentivados e com recursos próprios da Fiat, depois de São Paulo deve seguir para o Museo Nacional de Bellas Artes de Buenos Aires, mas essa itinerância ainda não está confirmada.

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Assista a um documentário da rede BBC sobre a vida e obra de Caravaggio:

  
NEC SPE NEC METU

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Pinturas mais antigas do mundo têm 41 mil anos

Publicado na Folha de S. Paulo em 15/06/2012 - 14h10
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE "CIÊNCIA E SAÚDE"
    
Pinturas em cavernas da Espanha têm pelo menos 41 mil anos de idade, fazendo delas os mais antigos exemplares dessa forma de arte no mundo. Mais importante ainda, a antiguidade das imagens pode indicar que os neandertais foram seus autores.

A hipótese, proposta pelo arqueólogo português João Zilhão, da Universidade de Barcelona, junto com colegas do Reino Unido, está em artigo na revista "Science". Se estiver correta - e os pesquisadores ainda estão longe de comprovar a ideia -, cai definitivamente por terra a ideia de que a mente neandertal era "inferior" à humana.

Tudo depende das datas. Por enquanto, as novas datações obtidas nas cavernas espanholas estão no limite do período em que os primeiros seres humanos modernos chegaram à Europa (enquanto os neandertais já ocupavam o continente 100 mil anos antes deles).

Por isso, é concebível que membros da espécie Homo sapiens, como nós, sejam os autores das imagens - discos e marcas de mãos, como as que uma criança faz quando coloca a mão sobre um papel e traça o contorno dos dedos com um lápis de cor.
   
Editoria de arte/folhapress. Clique na imagem para ampliar.

No entanto, conforme Zilhão lembrou em entrevista coletiva por telefone, trata-se de uma idade mínima. O que os pesquisadores dataram foi a capa calcária que recobria parte das imagensComo o mineral está por cima das pinturas, a única certeza é que se depositou lá depois do trabalho do artista, mas as imagens podem ter sido feitas bem antes.

Zilhão e seu colega Alistair Pike, da Universidade de Bristol, prometem agora obter mais datas, em outros sítios dentro e fora da Espanha.

Se alguma dessas datas for de 43 mil anos, por exemplo, quase certamente os autores das pinturas serão neandertais, diz Zilhão. "Com base no que descobrimos nos últimos anos sobre o comportamento deles, e o fato de que cruzaram com humanos modernos, não há por que duvidar que fossem capazes disso."
    
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Assista a um breve vídeo sobre as datações das pinturas rupestres:
    

 
Clique aqui e leia sobre pinturas rupestres atribuídas a neandertais no sul da Espanha.